Durante os noves meses da gestação o organismo feminino passa por inúmeras transformações, todas para que o bebê cresça saudável no útero materno. Após o parto, quando muitas acreditam que as mudanças pararam, vem uma nova fase denominada puerpério. Esse período, para muitas, é considerado o mais complicado de todo o processo da maternidade, pois além das transformações físicas, o psicológico pode vir a ser afetado.
O puerpério é popularmente conhecido como a quarentena ou resguardo, que são os 45 dias após o nascimento do bebê. Além da queda da produção hormonal, o corpo passa por diversas transformações, sendo a principal a retomada dos órgãos internos ao mesmo estágio antes da gravidez.
Exemplificando essa retomada, o útero durante a gestação chega a 32 centímetros e peso de 1,5 quilos. Durante esses 45 dias, estima-se que o útero contraia cerca de 1 centímetro, até que o mesmo atinja 7 centímetros e 60 gramas, o que é tido como o tamanho normal. Isso refere-se ao processo de involução uterina.
O funcionamento do corpo humano é tão perfeito que, nas primeiras 24 horas, que a involução começa a ocorrer e neste momento a mulher não ovula, pois, seu organismo fica com todos os esforços voltados à produção de leite e da retração uterina. A amamentação torna-se grande aliada da mulher, pois além de garantir a saúde do bebê, colabora no auxílio do retorno da forma física.
A sucção do bebê para obter o leite materno faz com que a ocitocina seja liberada de forma mais fácil pelo organismo, sendo que esse hormônio colabora para a retomada da forma anterior a gestação. Ou seja, a mulher emagrece durante a amamentação.
O fator hormonal, composto pela queda da produção do estrogênio e da progesterona, se mostra muito presente no período do puerpério, tanto que o desenvolvimento da depressão pós-parto quanto o baby blues é comum nesse período. No primeiro caso é indicado o acompanhamento médico para que a doença não se desenvolva a um quadro mais grave de depressão, já o baby blues tem duração média de duas semanas e é caracterizado por uma tristeza sem motivação quando a mãe se depara com algumas dificuldades no primeiro mês de vida do bebê.
Essas são algumas situações vividas por uma puérpera. Ao longo desse conteúdo serão informadas demais fatores que fazem parte da vida dessa mulher nos 45 dias após o nascimento de seu bebê. Confira.
Puerpério em fases
Além desse movimento do organismo de retomar ao status antes da gestação, outros fatores fazem parte dessa fase pós-parto. Independentemente do parto realizado — normal, natural, humanizado, cesárea, entre outros — o sangramento vaginal vai fazer parte da rotina dessa mulher, por pelo menos, 30 dias. Esse sangramento é denominado cientificamente de lóquio.
No que é denominado puerpério imediato — até o 10º dia após o nascimento do bebê — o lóquio assemelha-se a menstruação, com presença de sangue bem vivo e fluxo similar ao da menstruação. No puerpério tardio (do 11º até o 25º) esse fluxo diminui de forma significativa, tornando essa eliminação de secreção mais rosada, até que ela cesse por completo.
É importante que essa mamãe se atente a algumas situações durante o lóquio, sendo elas:
- Hemorragia;
- Odor forte;
- Febre;
- Dores abdominais permanentes.
Tais situações podem indicar um processo infeccioso, sendo que essa mulher deve ir a todas as consultas médicas solicitadas pelo ginecologista obstetra.
Vida sexual e fertilidade
Nos 45 dias do puerpério, a mulher tem sua função reprodutora interrompida, sendo isso retomado após a sexta semana do pós-parto, em média. Esse período pode variar de mulher para mulher, porém é neste momento que ela deve se preocupar com os métodos contraceptivos para que não ocorra uma nova gestação.
A menstruação se faz presente, como antes da gestação, sendo que isso é resultado da cicatrização uterina e a retomada do órgão a sua normalidade. A vida sexual deve ser interrompida até que o ginecologista dê alta a essa mulher. Isso ocorre, em média, 30 dias após o parto e pode vir a ser maior em mulheres que não tiveram a cicatrização perfeita da incisão da cesárea ou da episiotomia, em casos de parto normal.
Algumas mulheres costumam desenvolver incontinência urinária após o parto normal, sendo que isso pode ser minimizado com a realização de exercícios pélvicos. Por esses fatores é tão importante que a mulher faça consultas no ginecologista para minimizar dúvidas e resolver quaisquer situações que fogem da normalidade.
Tão importante quanto a saúde e a alimentação do bebê, é a saúde da mãe, que carrega todas as responsabilidades nos primeiros meses de vida da criança. A dieta deve ser balanceada, sendo necessário alguns cuidados como:
- Cortar alimentos processados;
- Cortar alimentos gordurosos;
- Manter dieta rica em fibras;
- Frutas e legumes devem fazer parte dessa dieta;
- Proteínas devem ser ingeridas, com preferência às carnes magras;
- Evite doces;
- Não consuma bebidas alcoólicas;
- Beber dois litros ou mais de água durante o dia.
Todas essas orientações são prescritas pelo médico assim que a mulher tem alta após o parto, logo não é necessária uma dieta rigorosa, e sim uma alimentação rica em nutrientes para passar pelo puerpério da forma menos traumática possível.
Amamentação
A amamentação, além de ser a maior forma de conexão entre a mãe e o bebê, é importante fase do puerpério, sendo que o leite começa a nascer entre 24 a 72 horas após o parto. A mulher sente a chegada desse leite, uma vez que as mamas incham de forma significativa, apresentam aumento da temperatura e um leve dolorido.
Antes do surgimento do leite, essa mulher produzirá o colostro, fundamental a nutrição dos bebês logo nos primeiros dias de vida.
Por mais alentador que pareça amamentar, nem sempre é um processo simples. Existem mulheres que apresentam pouca quantidade de leite materno, há aquelas em que o leite não provém os nutrientes necessários, sendo importante a complementação. No próprio hospital essa mãe é orientada por profissionais, sendo que esse aconselhamento pode ir para casa, com a contratação de uma assessoria materna.
Nessa época a mulher deve se alimentar da melhor forma possível, assim como se manter hidratada, uma vez que a amamentação pode fazer com que essa mãe sinta mais cansaço, além das poucas horas de sono, muito comum nos primeiros dias de vida do bebê.
Emocional
Os fatores emocionais são os que mais tornam o puerpério uma fase bem complexa da vida dessa mulher. Explosões de sentimentos são comuns: euforia pelo nascimento, preocupação com os cuidados com o bebê, a vida a dois — ou melhor a três — e o medo de errar fazem parte de 100% das mulheres, mesmo para aquelas que não são mais “marinheiras de primeira viagem”.
Neste momento, o apoio do companheiro/companheira se faz importante. O baby blues é passageiro, sendo ele composto por um período curto de tristeza, impulsionado pela redução da produção hormonal. Já a depressão pós-parto deve ser levada mais a sério, em especial durante o puerpério, que é justamente nesse período que ela ocorre.
Assim como foi durante o pré-natal (nos nove meses da gestação) em caso de dúvidas sobre o puerpério procure médico, que a fase pode passar sem grandes problemas e ser mais simples do que ela parece.